O fator que nos torna identificados com o Cristo de Deus é o amor.
Apenas a partir dele é que o mundo dará crédito ao que anunciamos: “Todos
reconhecerão que sois meus discípulos se tiverdes amor uns para com os outros”
(Jo 13,35). O amor jamais pode ser obscurecido em meio aos desafios impostos
pelo mundo, ele “não pode deixar de ser a característica de sua Igreja,
comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o
primeiro e principal anúncio” (DAp 138).
Ninguém é discípulo de Jesus apenas porque acha admirável sua
personalidade, ou porque o Evangelho tem textos bonitos para o dia a dia. O
Cristianismo não é adesão a uma filosofia de vida ou a um conceito bem
articulado. Trata-se da adesão a uma pessoa que nos interpela sempre,
desafiando-nos a dar um salto qualitativo de vida, segundo o qual sua Palavra
que vem de Deus nos compromete com sua pessoa, convidando-nos a uma intimidade
com Deus e ao compromisso com sua Palavra. É isto que torna o discípulo
parecido com o Mestre. No seguimento de Jesus Cristo, aprendemos e praticamos
as bem-aventuranças do Reino. Contemplar
os textos do Evangelho não é um retorno ao passado ou apego a algo distante de
nós. Diante dos Evangelhos devemos ver “o estilo de vida do próprio Jesus: seu
amor e obediência filial ao Pai, sua compaixão entranhável frente à dor humana,
sua proximidade dos pobres e dos pequenos, sua fidelidade à missão encomendada,
seu amor serviçal até a doação de sua vida” (DAp 139), Esta é a forma que o discipulo e a comunidade encontram para
compreenderem qual é a melhor forma de
se identificar com o Mestre.
Como nos ensina a Constituição Dogmática Lumen Gentium, (7e):
“todos os
membros da Igreja se conformem com ele, até que Cristo seja formado neles (Gl
4,19). Por isso, somos inseridos nos mistérios de sua vida, com ele
configurados, com ele mortos e com ele ressuscitados, até que com ele reinemos
(cf. Fl 3,21; 2Tm 2,11; Ef 2,6; Cl 2,12). Peregrinando ainda na terra,
associamo-nos às suas dores como o corpo à Cabeça, para que, padecendo com ele,
sejamos com ele também glorificados” (Rm 8,17).
Apenas quando faz a
oferta de sua vida ao Cristo é que o seu seguidor está respondendo com amor e
vigor Àquele que o amou por primeiro chegando ao extremo da oferta do dom de si
(Jo 13,1). Somente assim, é possível a partilha do destino do Mestre, numa
oferta generosa na cruz a cada dia.
Neste caminho de identificação com Cristo, não estamos sozinhos. Somos
antecedido pelo modelo exemplar de identificação com o projeto divino de reunir
em Cristo todas as coisas dado por Maria. Dela aprendemos a fazer em tudo a
vontade de Jesus a partir de uma profunda e admirável liberdade de coração (cf.
DAp 141). E para esta finalidade, o
mesmo Espírito que cobriu Maria com Sua sombra, está conosco pois o Senhor
Ressuscitado comunicou à sua Igreja o mesmo Espírito vivificador que o
acompanhou durante sua vida e missão (cf. At 10,38). No dia de Pentecostes, o mesmo Espírito se derramou sobre a Igreja
e a ela ofertou todos os seus dons. Desde o primeiro instante, o Espírito Santo
conduziu, animou e assistiu a Igreja, sustentou os Apóstolos na oferta da
vida, no anúncio da Palavra, na celebração da fé e no serviço da caridade.
Constituída,
fortalecida e marcada pelo fogo do Espírito Santo (Mt 3,11), ela continua a
obra de seu fundador, abrindo a todos os povos as portas para os mistérios da
salvação (DAp 151). No “templo do
Deus Vivo” (2Cor 6,16), É obra do Espírito o ato de modelar todos os crentes à
semelhança de Filho de Deus “Desse modo, pela presença eficaz de seu Espírito,
Deus assegura até a parusia sua proposta de vida para homens e mulheres de
todos os tempos e lugares, impulsionando a transformação da história e seus
dinamismos” (DAp 151).
O Espírito que está presente tanto no Cristo cabeça quanto na Igreja,
seu corpo, trilha vários caminhos no intuito de modelar o corpo de Cristo na
história dos homens: o Vemos presente na Palavra de Deus, nos sacramentos, na
graça concedida aos Apóstolos, nas virtudes e carismas que tornam os seguidores
de Cristo aptos para sua missão (cf. LG 12). De forma especial, pelo Batismo e
Confirmação, “somos chamados a ser discípulos-missionários de Jesus Cristo e
entramos na comunhão trinitária na Igreja” (DAp 153). Pois é a própria Trindade que leva à plenitude a iniciação cristã.
Através dos muitos ministérios, o Espírito Santo vai santificando o
povo de Deus, presenteando-o com inúmeros frutos porque na vida de Igreja, o
Espírito Santo vai “distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz” (1Cor
12,11). “A cada um é dada a manifestação do Espírito para utilidade comum”
(1Cor 12,7). Fortalece o povo de Deus por meio dos ministérios e ofícios que
servem à evangelização e edificam a Igreja (cf.1Cor 12,28-29), aos discípulos que devem ser também,
de forma inegável missionários cabe a tarefa de divulgar “o ministério
salvífico do Senhor até que ele de novo se manifeste no final dos tempos (1Cor 1,6-7).
“O Espírito
na Igreja forja missionários decididos e valentes como Pedro (cf. Atos 4,13;
13,9), indica os lugares que devem ser evangelizados e escolhe aqueles que
devem fazê-lo” (At 13,2) (DAp 150).
Os seguidores de Jesus se deixam guiar pelo Espírito, assumindo as suas
implicações dentro do processo de evangelização (Lc 4,18-19), e
estas consistem em “anunciar a boa nova aos pobres, curar os enfermos, consolar
os tristes, libertar os cativos e anunciar a todos o ano da graça do Senhor”
(cf. DAp 52). Retomando Lumen Gentium, devemos reafirmar que o Espírito é a
“alma da Igreja” (LG 7g). É ele quem
a modela para que ela faça o Cristo nascer no mundo. O Espírito está presente
na Igreja e em nossos corações que para Ele são Templo (1Cor 3,16; 6,19). Em
nós e na Igreja ele dá testemunho de que somos filhos (Gl 4,6; Rm
8,15-16.26). Cabe a Ele levar a Igreja à
Verdade plena (Jo 16,13). Ele conduz a Igreja mediante os dons hierárquicos e
carismáticos, enfeitando-a com seus frutos (Ef 4,11-12; 1Cor 12,4; Gl 5,22).
O Espírito Santo que o
ressuscitado dá sem medida ao mundo por meio de Sua Igreja “identifica-nos com
Jesus que é o Caminho, abrindo-nos a seu mistério de salvação para que sejamos
seus filhos e irmãos uns dos outros; identifica-nos com Jesus que é a Verdade,
ensinando-nos a renunciar a nossas mentiras e ambições pessoais, e nos
identifica com Jesus fonte inesgotável da Vida, permitindo-nos abraçar seu
plano de amor e nos entregar para que outros tenham vida nele” (DAp 137).
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