A Igreja é o sacramento
da unidade da Trindade, e, nela, com os seres humanos e dos seres humanos entre
si. Pelo sacramento do batismo todos somos inseridos nesta Igreja de Comunhão.
Toda a ação pastoral da Igreja tem a missão de sensibilizar os cristãos para
nossa realidade de Corpo de Cristo, uma comunidade de fé, de vida no amor
fraterno (LG n. 8-9). Assim como o Apóstolo Paulo nos aconselha que embora
sendo muitos membros e diferentes funções, muitos dons e carismas, somos um só
Corpo em Cristo e por isso todos irmãos conforme a graça conferida (Rm 12,
4ss).
A Igreja não é
uma massa amorfa, é Povo de Deus cujo poder está no serviço especialmente ao
menor e aos últimos. Uma Igreja que se propõe a grande missão de alimentar a fé,
e recordar a seus fiéis, que em virtude de seu batismo, todos são chamados a
manifestar em todos os continentes uma Igreja toda ministerial. O modelo para
nós é o mistério de amor da Santíssima Trindade. Este mistério de amor
constitui o seu ser. A meta para nossa vida de Igreja consiste em alcançar a
comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
O nosso tempo se caracteriza pela tendência de se estabelecer uma
religiosidade desligada da dimensão comunitária, trata-se um Cristianismo sem
Igreja, mas é preciso destacar que a comunhão fraterna numa comunidade concreta
é o que distingue a experiência da vocação cristã de um sentimento religioso
individual. É nela que se realiza a experiência de fé dos
discípulos-missionários (cf. DAp 164). A
Igreja é a comunidade dos filhos e filhas de Deus que fazem parte do mesmo Corpo de Cristo (cf. 1Cor
10,17), que se deixam transformar pelo ensinamento dos apóstolos, não se deixam
manchar pelas divergências e põem em comum o pão e as orações (cf. At 2,42).
“A Eucaristia faz a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”. É o
coração dos sacramentos e da vida da Igreja, a Ceia com o Senhor e o dom de
Deus e a Deus. Por isso é o momento mais precioso ao qual não se pode negar uma
vida cristã. É o que mais caracteriza a expressão católica. Por isso, cada
comunidade quando se reúne no Dia do Senhor, deve ter o direito de escutar a
palavra e a sua interpretação, e de participar na Eucaristia. “A Igreja que a celebra é ‘casa e
escola de comunhão’, onde os discípulos compartilham a mesma fé, esperança e
amor a serviço da missão evangelizadora” (DAp 158). Em obediência ao novo
mandamento do amor, procuram viver unidos à mesma Cabeça, Cristo, chamados a
cuidar uns dos outros (cf. DAp 161).
O aspecto missionário que é parte constitutiva da missão da Igreja, é
também oriundo da comunhão trinitária. O
amor de Deus que se reflete nas expressões de comunhão, atrai as pessoas para o
Cristo (cf. Jo 13,34-35). Para que a Igreja evangelize, é necessário que ele dê
testemunho sincero de fraternidade, à luz das primeiras comunidades como
encontramos expresso no Livro dos Atos dos Apóstolos. Não existe discipulado se
não existir comunhão. Todavia, a comunhão não é nivelação das diferenças, mas
justamente comunhão de diferenças pois a diferença não é sinal de desigualdade
e sim de riqueza. A “comunhão e a missão estão profundamente unidas entre si. A
comunhão é missionária e a missão é para a comunhão” (CHL 32, in DAp 163).
A diversidade de serviços e carismas exercidos por uma diversidade de
filhos e filhas de Deus é o grande sinal de comunhão: “Cada batizado é portador
de dons que deve desenvolver em unidade e complementaridade com os dons dos
outros, a fim de formar o único Corpo de Cristo, entregue para a vida do
mundo. Cada comunidade é chamada a descobrir e integrar os talentos escondidos
e silenciosos com os quais o Espírito presenteia aos fiéis” (DAp 162).
A nossa vida de cristãos, carregada de diversidade e riqueza das
pessoas que estão reunidas em torno de Cristo se torna um fardo pesado a ser
carregado a partir do instante em que os dons são vistos como propriedades de
quem os exerce e como superiores aos demais presentes na mesma comunidade.
Todavia, quando se observa que os dons que trazemos são tesouros de Deus em
potes de argila, e portanto, quem nos presenteou é mais importante e que os
outros dons são tão importantes quanto os nossos, expressamos o pleno sentido
da comunhão: intimidade com Cristo. Jesus mostra isso, quando chama os
Apóstolos a viverem em comunhão com ele, quando os reúne para explicar-lhes os
mistérios do Reino de Deus e os envia em missão (cf. DAp 154). Esta intimidade se tornará absoluta
“na comunhão dos santos, ou seja, a comunhão nos bens divinos entre todos os
membros da Igreja, em particular entre os que peregrinam e os que já gozam da
glória celeste” (DAp 160).
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