sábado, 13 de outubro de 2012

Fundamentação do ser cristão no mundo: Jesus, vida de intimidade e oração com o Pai no Espírito Santo



Para que leve a termo a missão recebida pelo Pai, Jesus encontra forças na própria intimidade que possui com Deus: “Meu Pai e eu somos um” (Jo 10, 30). O jeito de ser de Jesus só pode ser interpretado à luz da relação trinitária. Tendo sido enviado pelo Pai, sendo constantemente assistido pelo mesmo Pai e pelo Espírito, Jesus deixa que o amor, que define a relação das pessoas da Trindade, modele e transpareça em cada ato e palavra sua. É próprio do amor trinitário a capacidade de dialogar que Jesus possui, um diálogo com os mais diferentes como Nicodemos que representa a ortodoxia Judaica, a Samaritana que representa o Judaísmo “herege”. Este amor também se expressa na ternura do mestre, que lava na mesma bacia os pés do discípulo amado e do traidor. Manifesta-se ainda na acolhida, segundo a qual Jesus apresenta a si mesmo como aquele que se deseja ser procurado por todos os aflitos para aliviar-lhes o peso (Mt 11, 28-31). Em sua misericórdia que é manifestada em seu coração de bom samaritano que age em favor do necessitado mesmo sem saber de quem se trata. Todavia, o amor trinitário também se expressa na radicalidade de Jesus, que entra no Templo e acusa os que lá se encontram de terem pervertido a razão de si da Religião. Em sua determinação que o sustenta na decisão tomada de subir a Jerusalém (Lc 9,51) e em seu ímpeto profético que o conduz anunciando o Reino e questionando com vigor a estrutura religiosa de seu tempo.
É claro nos textos evangélicos que Jesus tem necessidade de permanente diálogo com o Pai. Com freqüência, retira-se para orar a sós (Mt 14, 23). A oração está presente em sua vida antes das grandes decisões, nos momentos de perseguição, mas também nas ocasiões simples, de alegria e de festa (Mt 11, 25ss). Jesus era um judeu praticante e por isso fazia parte da vida de oração de seu povo. Fez-se presente do templo, esteve em peregrinações, participou das festas litúrgicas, orou nas sinagogas junto com seus familiares e seus discípulos.
A oração é parte indispensável do itinerário formativo dos discípulos de Jesus. Só haverá consistência na missão, se os discípulos de Jesus forem íntimos do Pai, encontrando na oração a Sua vontade acerca da atividade missionária. Por essa razão Jesus os ensinou a rezar: de forma constante, sincera, insistente, e livre do fermento dos fariseus que é a hipocrisia (Mt 6, 5-13; Lc 6, 28).
Por isso, a Igreja que tem na missão de Jesus a sua própria missão no mundo, deve ser primeiramente uma Igreja orante. Assim, a comunidade reunida em torno da pessoa de Jesus é uma comunidade animada pelos sacramentos e pela liturgia, motivados e fundamentados na Sagrada Escritura, grupos que se reúnem nas Igrejas, nas ruas e nas casas para estudos e novenas, para romarias e vigílias. Enfim, são comunidades que celebram a vida em forma de oração.

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