Para que
leve a termo a missão recebida pelo Pai, Jesus encontra forças na própria
intimidade que possui com Deus: “Meu Pai e eu somos um” (Jo 10, 30). O jeito de
ser de Jesus só pode ser interpretado à luz da relação trinitária. Tendo sido
enviado pelo Pai, sendo constantemente assistido pelo mesmo Pai e pelo
Espírito, Jesus deixa que o amor, que define a relação das pessoas da Trindade,
modele e transpareça em cada ato e palavra sua. É próprio do amor trinitário a
capacidade de dialogar que Jesus possui, um diálogo com os mais diferentes como
Nicodemos que representa a ortodoxia Judaica, a Samaritana que representa o
Judaísmo “herege”. Este amor também se expressa na ternura do mestre, que lava
na mesma bacia os pés do discípulo amado e do traidor. Manifesta-se ainda na
acolhida, segundo a qual Jesus apresenta a si mesmo como aquele que se deseja
ser procurado por todos os aflitos para aliviar-lhes o peso (Mt 11, 28-31). Em
sua misericórdia que é manifestada em seu coração de bom samaritano que age em
favor do necessitado mesmo sem saber de quem se trata. Todavia, o amor
trinitário também se expressa na radicalidade de Jesus, que entra no Templo e
acusa os que lá se encontram de terem pervertido a razão de si da Religião. Em
sua determinação que o sustenta na decisão tomada de subir a Jerusalém (Lc
9,51) e em seu ímpeto profético que o conduz anunciando o Reino e questionando com
vigor a estrutura religiosa de seu tempo.
É claro nos textos evangélicos que Jesus tem necessidade de permanente
diálogo com o Pai. Com freqüência, retira-se para orar a sós (Mt 14, 23). A
oração está presente em sua vida antes das grandes decisões, nos momentos de
perseguição, mas também nas ocasiões simples, de alegria e de festa (Mt 11,
25ss). Jesus era um judeu praticante e por isso fazia parte da vida de oração
de seu povo. Fez-se presente do templo, esteve em peregrinações, participou das
festas litúrgicas, orou nas sinagogas junto com seus familiares e seus
discípulos.
A oração é parte indispensável do itinerário formativo dos discípulos
de Jesus. Só haverá consistência na missão, se os discípulos de Jesus forem
íntimos do Pai, encontrando na oração a Sua vontade acerca da atividade
missionária. Por essa razão Jesus os ensinou a rezar: de forma constante,
sincera, insistente, e livre do fermento dos fariseus que é a hipocrisia (Mt 6,
5-13; Lc 6, 28).
Por isso, a Igreja que tem na missão de Jesus a sua própria missão no
mundo, deve ser primeiramente uma Igreja orante. Assim, a comunidade reunida em
torno da pessoa de Jesus é uma comunidade animada pelos sacramentos e pela
liturgia, motivados e fundamentados na Sagrada Escritura, grupos que se reúnem nas
Igrejas, nas ruas e nas casas para estudos e novenas, para romarias e vigílias.
Enfim, são comunidades que celebram a vida em forma de oração.
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