A vida de Jesus é marcada também pelos choques contra as lideranças
religiosas escandalizadas pelas atitudes do Nazareno. Para entendermos um pouco
sobre as motivações farisaicas contra Jesus é importante conhecermos quem fazia
parte de suas relações. E este conhecimento deverá repercutir na vida e
atividades de seus discípulos, de sua Igreja.
Jesus nunca fez acepção de pessoas. Em seu grupo trazia pescadores e
publicanos, entre os seus admiradores se encontravam até mesmo lideranças
judaicas como Nicodemos e José de Arimatéia. Mas é claro que Jesus teve um
apreço e cuidado preferencial pelos pobres, os fracos, os pecadores, as
mulheres, os jovens, as crianças, os rejeitados. Este comportamento de Jesus
deixa claro o quanto estas pessoas são importantes aos olhos de Deus. Desafiando
também os mestres de seu tempo, Jesus inova ao admitir mulheres entre seus
discípulos (Lc 8, 1-3). Aqui não se trata apenas de acolher mulheres em seu
grupo e sim de dar a elas a oportunidade de exercer trabalhos importantes na
comunidade, essa importância e valorização do elemento feminino se expressa no
fato das mulheres serem as primeiras testemunhas da ressurreição (Jo 20, 1; Lc
24, 1ss). As atitudes de Jesus são expressões de sua confiança e esperança
depositada em seus seguidores. Em relação aos pobres, Seu agir não é
simplesmente assistência ou desencargo de consciência, mera filantropia.
Trata-se de um resgate da dignidade, devolução da vida, da esperança, da
alegria de viver e convocação ao protagonismo que transforma o mundo (Mc 6,
32-44).
Isso causa certamente um escândalo tanto para a mentalidade religiosa
vigente em Seu tempo que afirmava a pureza, a prosperidade e bênção como
realidades conjugadas quanto para a cultura que via a mulher como submissa ao homem e proibida de
participar das ações dentro do templo. Certamente hoje Jesus causaria o mesmo
escândalo em lideranças religiosas que pregam a prosperidade como sinal do amor
de Deus, fechando os olhos para o sofrimento e injustiça, anunciando o fim do
sofrimento e que ao mesmo tempo, não tem respostas claras para os pobres e
angustiados deste tempo. E também desafiaria aqueles que relativizam as
mulheres, reduzindo-as a objeto de prazer.
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