Na
tentativa de adentramos no sentido teológico da revelação do Espírito Santo na
Ressurreição do Filho, primeiramente devemos ter em vista a idéia expressa por
Lucas em seus escritos, onde somente quando Jesus retorna ao Pai é que recebe o
Espírito para infundi-lo na Igreja (At 2,33. 1,4). E, em paralelo, a promessa
apresentada em João no instante da despedida do Senhor (Jo 16,7; 14,16;
15,26).
Em ambas vertentes teológicas, é expressa que a
condição indispensável para o envio do Espírito Santo é a reunião entre o Pai e
o Filho. Desta maneira, a união entre o Pai e o Filho nos aparece como um único
principio de espiração na linha da economia. Assim, receber o Espírito Santo é
seguir o caminho de Jesus, pois o Pai e o Filho entregam o Espírito como dom ao
mundo redimido e este expressa a unidade essencial da Trindade de forma
quenótica no processo de economia da salvação.
Entretanto,
é do pensamento de São Paulo que nos vem a visão da quenose do Espírito Santo
mais profunda. Em sua teologia, o envio do Espírito e a Ressurreição de Jesus
são apresentados como um movimento único. O fato de o Pai ter ressuscitado o
Filho por seu Espírito (Rm 8,11) mostra que o Espírito Santo é ao mesmo tempo instrumento da Ressurreição e meio no qual o Cristo ressuscitado
penetra em um meio natural a Ele (1Tm 3,16; Rm 1,4) com o corpo pneumático (1
Cor 15,44-45) identificado com a realidade do Espírito.
Esta
identificação revela a natureza quenótica do Espírito Santo porque quem deseja
viver segundo o Espírito deve seguir o Senhor segundo o Espírito (Gl 5,16.22s.
25). Nisto consiste a quenose do Espírito Santo: sendo Deus, faz-se presente em
nosso limitado coração nos conduzindo nos caminhos do Crucificado- ressuscitado.
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