Nenhum batizado
deveria se esconder da Semana Santa, semana que é Santa na medida em que
permitimos a Jesus nos santificar com sua vida! Mas muitos batizados farão
desta semana somente mais uma semana de monotonia, de bebedeira e de carnaval
fora de época que só serve para alimentar a ganância, instigar os jovens à
prostituição e beneficiar políticos que tem muitos interesses, menos o bem
estar e a civilidade do povo! Vivemos o mesmo contexto em que Jesus viveu:
opressão – agora cultural – pois somos todos obrigados a engolir o lixo de
baixo nível produzido pela mídia. Essa opressão refere-se à falta de educação,
e também falta de saúde, de moradia digna com redes de esgoto, falta de
alimento, falta de futuro para os jovens, incentivo à violência já entre as
crianças e desrespeito aos idosos. Vivemos um tempo de escárnio e zombaria com
o sagrado, Deus é assunto que não chama a atenção, Jesus é até considerado
interessante, entretanto, não se quer seguir uma pessoa que apresente a
humildade como sinal de vitória, porque a propaganda e muitas vezes as
religiões se tornaram comércio sagrado, no qual a imagem de pregadores chama
mais a atenção do que a palavra de Jesus, no qual também o demônio muitas vezes
é mais valorizado que o próprio Jesus porque os mercadores do Sagrado sabem que
o medo mantêm igrejas lotadas com um povo alienado, escondido de seu futuro e
sem coragem para enfrentar suas próprias criações monstruosas. Este é um tempo
ainda no qual a própria missa corre o risco de se tornar espetáculo e o povo
corre as léguas atrás de padres e não de Cristo! Caravanas e mais caravanas em
busca de Missas intituladas de cura, o que na verdade, termina por colocar os
nossos interesses acima da Eucaristia! Estes não estão seguindo Jesus, podem
até estar à sua frente como nos alerta o Evangelho, todavia, os que se colocam
à frente de Jesus e tentam dizer o que Jesus deve dizer são chamados por ele de
Satanás! Vai para trás, Satanás, porque
não pensas como Deus e sim como os homens. São estes que pedem a crucificação de Jesus em
um julgamento injusto, sem direito à defesa, sem testemunhas, simplesmente como
manobra para apagar da história alguém que incomoda. O
julgamento de Jesus é sinal da injustiça deste mundo, ao mesmo tempo em que é
sinal de que Deus ama tanto o mundo que se submete a entregar seu filho nas
mãos dos malfeitores para salvar os condenados que somos todos nós. Sem Jesus
estaríamos todos condenados, a cruz sem Cristo é maldição, mas ele faz da
maldição cura: Assim como Moisés ergueu a
serpente de bronze no deserto, é necessário que o Filho do Homem seja erguido.
Ele é julgado por nós, a maldição que deveria cair sobre nós, cai sobre ele.
Justo e santo, não teme o escárnio por conta de seu amor, uma vez que quanto
maior é o amor, maior será a ferida da compaixão. Jesus se compadece de nós e
por nós se entrega. Da parte dos homens há um jogo mesquinho de poder, em tudo
no julgamento de Jesus vemos transparecer a força perniciosa do pecado que tudo
corrompe, que tudo deseja para si que a tudo torna sujo! Assim são as
autoridades que julgam o Filho de Deus! A hipocrisia das autoridades
religiosas, a fraqueza de um político. O Filho de Deus é julgado por
malfeitores! E silencia pois o Pai é aquele que fará justiça! A sua causa se
encontra nas mãos do Pai! Enfim, o próprio povo condena Jesus. Escolhe Barrabás,
isso demonstra a incapacidade que as pessoas tem se de livrarem de seu falso
senso de justiça, porque Jesus é o profeta da Paz, Barrabas é o criminoso! E em
uma sociedade violenta e prostituída somos muitas e muitas vezes tentados a
acreditar que justiça se faz com as próprias mãos, é aí que apoiamos atitudes
de execução sumária de jovens, começamos a dar o direito a uma minoria para que
derrame sangue já que a justiça não acontece. Jesus, o justo, que é vítima da
violência e da injustiça deveria nos despertar outro sentimento: diante do desejo dos homens em tirar a vida
uns dos outros, deve prevalecer o mandamento da lei de Deus que nos diz ‘não
matar’ como já bem falava Dom Oscar Homero. O povo Prefere o criminoso, a
ele aclamam e condenam Jesus à morte de Cruz. A cruz é um escândalo. Todavia é
o único fato do qual um cristão deve se gloriar (Gl 6,14). Como assimilar e até
se gloriar de um escândalo? Isto só é possível se olharmos para a cruz como um
evento da Trindade. É o Pai quem toma a iniciativa (2Cor 5,18). Esta iniciativa
da reconciliação é concretizada pelo Filho e a prova de sua efetividade é o
Espírito Santo (Rm 8, 1.6; 9,10). Por este motivo é que no Gólgota se realiza o
único sacrifício de eficácia absoluta (Hb 7-9). Todos os demais sacrifícios neste
se cumprem e são superados. No acontecimento da cruz fica patente que Deus não
tolera o pecado. Ele não pode amar o pecado e o mal se encontra em total
contradição com a natureza divina; Por isso, Deus não pode perdoar o pecado sem expiação. A pura anistia é
ignorância do mal, a qual diminui a gravidade do pecado ou mesmo lhe reconhece
o direito de existência. É essa ira divina encontrada em todo o Antigo
Testamento que Jesus deve levar à plenitude em sua Paixão. Eis a outra face da
moeda do amor, pois amar o bem não seria possível sem a luta contra o mal e a
injustiça.
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