A nossa Igreja vem vivendo o
Sínodo em preparação para a celebração de seus 100 anos. E este mês comumente é
dedicado à Palavra de Deus. No mês de outubro, a Igreja abrirá o Ano da Fé!
Esta porta pela qual todos entramos na comunhão com Cristo, é aberta para nós
por meio dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Este é um tempo propício para
meditarmos sobre nossa vocação como Igreja Particular uma vez que para que
nossa fé se fortaleça e nossa consciência cristã se torna límpida, é necessário
uma purificação pela Palavra de Deus, é necessário que se abram nossos ouvidos e nosso coração! Neste domingo somos
colocados diante de Marcos 7,31-37, uma verdadeira catequese sobre a nova
Criação inaugurada por Jesus.
A pergunta central do Evangelho
de Marcos é Quem é Jesus? Já no
versículo primeiro ele nos oferece a resposta: Início do Evangelho de Jesus, o Messias e Filho de Deus. Ao longo
de todo o Evangelho estaremos em uma
grande jornada na qual o autor vai nos mostrando de forma pedagógica a
justificativa desta afirmação sobre Jesus.
Consequentemente, da pergunta sobre
a identidade de Jesus nos virá outra, e esta é
sobre a identidade dos discípulos. Este relato pode ser compreendido a
partir destas duas perguntas, assim, encontramos aqui uma dupla finalidade
neste relato: a primeira delas consiste em apresentar Jesus como o artífice de
uma nova criação e a segunda, uma imagem acerca do significado do discipulado.
Sobre a primeira parte, devemos perceber que a
cura do surdo que tinha dificuldades para falar deve ser lida no contexto do
Evangelho do domingo passado no qual Jesus derruba a barreira entre o puro e o
impuro e consequentemente a distinção entre Judeus e Pagãos, fazendo da
Salvação um dom universal. Esta
universalidade se expressa primeiramente pelo local onde a cura acontece,
estamos com Jesus em um ambiente pagão. A
expressão “Jesus faz bem todas as coisas” encontra paralelo com “Deus viu que
era bom” presente no livro do Gênesis em sete ocasiões do primeiro capítulo (Gn
1,4.10.12.18.21.25.31). Em Gênesis, estamos diante do ato criador de Deus, que
em sua bondade expressou toda a sua vontade. Agora, com o evangelista Marcos,
estamos diante da eficaz Palavra de Jesus que restaura o que o pecado esmagou e
devolve à criação a ordem desejada por Deus.
Mais do
que um milagre, este relato quer nos falar sobre a restauração de tudo trazida
por Jesus. A nova ordem das coisas, o reinado de Deus, a novíssima criação em
Cristo. Sobre a identidade dos discípulos,
ou a identidade da Igreja de Jesus, esta se revela por meio da Palavra do
próprio Jesus. Esta ação da Palavra está expressa na riqueza dos sinais
presentes neste trecho do Evangelho.
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