sábado, 13 de outubro de 2012

Fundamentação do ser cristão no mundo: Jesus, Palavra Eterna do Pai e Alimento para o mundo



No capítulo que o Evangelho de João dedica à Eucaristia (Jo 6), Simão Pedro afirma que não poderíamos seguir a outro pois só Jesus “tem palavras de vida eterna”. O mesmo João afirma que “Aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus” (Jo 3,34). É Jesus que realiza a obra de salvação que lhe é confiada pelo Pai. “Como discípulos de Jesus, reconhecemos que ele é o primeiro e maior evangelizador enviado por Deus (cf. Lc 4,44) e, ao mesmo tempo, o Evangelho de Deus. Cremos e anunciamos ‘a boa nova de Jesus, Messias, Filho de Deus’ (Mc 1,1). Como filhos obedientes à voz do Pai, queremos escutar a Jesus (Lc 9,35), porque ele é o único Mestre” (Mt 23,8), disseram os bispos reunidos em Aparecida (DAp 103).
Por meio de Seu amado Filho Jesus, Deus falou com a humanidade e mostrou a Sua face que até então ninguém havia visto (Jo 1, 18), a Ele, o Pai “fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo” (Hb 1,2). Jesus expressa em palavras e ações tudo aquilo que a Palavra de Deus contém. Cada ato d Jesus é expressão da vontade de Deus ao mesmo tempo em que dá a atividades humanas o caráter divino. Por ser Ele mesmo a “Palavra de Deus feita carne” é que tem “palavras de vida eterna” para nos comunicar.
Suas atividades sempre balizadas pelas Escrituras, fazem com que boa parte das pessoas o reconheçam como o concretizador das profecias. Nele, muitos viam “verdadeiramente, o profeta!” (Jo 7,40).  E envolvidos pela grandiosidade de suas ações, muitos davam glórias a Deus, dizendo: “Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou seu povo” (Lc 7,16). Até mesmo aqueles a quem o preconceito poderia afastar, como por exemplo, a Samaritana, reconhecem a grandiosidade de Jesus: “Senhor, vejo que és um profeta” (Jo 4,19).

“Jesus saiu ao encontro de pessoas em situações muito diferentes: homens e mulheres, pobres e ricos, judeus e estrangeiros, justos e pecadores... convidando-os a segui-lo. Hoje, segue convidando a encontrar nele o amor do Pai. Por isto mesmo, o discípulo missionário há de ser um homem ou uma mulher que torna visível o amor misericordioso do Pai, especialmente aos pobres e pecadores” (DAp 147).

Incansável anunciador do Reino de Deus, Jesus percorria toda a Galiléia, demonstrando o seu poder e sua intimidade com o Pai por meio dos muitos sinais que realizava ao longo do caminho:

“Percorria toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando toda e qualquer doença ou enfermidade do povo. O seu renome espalhou-se por toda a Síria, de modo que lhe traziam todos os que eram acometidos por doenças diversas e atormentados por enfermidades, bem como endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os curava. Seguiam-no multidões numerosas, vindas da Galiléia, da Decápole, de Jerusalém, da Judéia e da região além do Jordão” (Mt  4,23-25).  

Ao entrar na Sinagoga de Nazaré, tomou para si o texto do profeta Isaías e apresentou a si mesmo como o concretizador das palavras sagradas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para que dê a boa notícia aos pobres; enviou-me a anunciar a liberdade aos cativos e a visão aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, para proclamar o ano da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). O coração da missão de Jesus está neste resumo apresentado por Lucas. Jesus veio ao mundo para anunciar o Reino de Deus; viveu cumprindo esta missão. E, para Jesus, anunciar não significa fazer um discurso; o anúncio é prática, é atitude, é fazer acontecer. É por isso que o evangelista declara: Passou fazendo o bem.
O Reino de Deus é o grande sonho de Deus para o mundo e a humanidade. É o Reino da vida e da liberdade, prometido por Deus e buscado intensamente pelo povo da Primeira Aliança. É o Reino da saúde e da reconciliação, da partilha e da abundância. Onde não há mais distinção entre as pessoas, nem excluídos. É o Reino do convívio amoroso e fraterno, da plenitude da vida para toda a humanidade e para a natureza, Reino que inicia aqui e se estende pela eternidade. Jesus anunciou e inaugurou este tempo do Reinado de Deus e entregou a tarefa da continuidade aos seus discípulos.
Para Jesus era importante deixar claro a gratuidade do anúncio, no despojamento total de quem não leva duas túnicas, nem cajado, muito menos dinheiro. Os seus seguidores, seguindo o seu exemplo, jamais podem se deixar envolver e dominar pelos bens deste mundo. Devem ser homens e mulheres verdadeiramente livres e purificados pela Palavra que foi dita pelo próprio Jesus (Jo 15,3).   Na generosidade dos discípulos, é refletida a generosidade do próprio Deus. “Na gratuidade dos apóstolos, aparece a gratuidade do Evangelho” (DAp 31): “Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias...” (Lc  10,4) O discípulo-missionário toma uma decisão a favor do Reino de Deus, em total conversão e mudança de vida, pois “quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62).
Sustentados pelas palavras de Jesus que são espírito e vida (Jo 6,63.68). Continuamente atuais na Igreja, somos chamados a testemunhar até o fim dos tempos a Boa Nova, continuando a missão de Jesus porque “somos missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, nele, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação” (DAp 103).
As palavras de Jesus serviram como censura a incredulidade dos sacerdotes, condenação a hipocrisia e a arrogância do comportamento farisaico, denúncia do rei e seus partidários (Mt 22,16-22),  condenação explicitamente do comércio da religião. “Entrou no templo e expulsou todos os vendedores e compradores que lá estavam. Virou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas: A minha casa será chamada casa de oração. Vós, porém, fazeis dela um covil de ladrões” (Mt 21,12-13).
Com suas palavras, vida e obras, Jesus é para sempre alimento para todos os que desejam encontrar sentido e alento, esperança e forças para buscar um mundo novo, que nas palavras do mestre é apresentado pelo nome de Reino de Deus. É Ele mesmo que ainda hoje nos convida ao discipulado e à conversão que é caminho para o Reino de Deus. Sua Palavra nos aponta o caminho para um mundo que parece desnorteado e perdido, verdade para um mundo que se acostumou a duvidar de tudo e se deixou engolir pelo relativismo e vida para a humanidade sedenta de sentido e de esperança, e por isso, esta Palavra que não é um conceito mas o próprio Filho de Deus,  precisa ressoar pelos quatro cantos da terra. Só é cristão quem se deixa interpelar pelo Carpinteiro de Nazaré e a cada dia abre seu coração acolhendo dele constantemente as sementes que diariamente são lançadas no terreno de nossas vidas!

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