Oração mental é esta conversa
íntima que podemos ter com Deus em algum momento do dia. Se estamos aqui
na terra para crescer no amor a Deus, nada mais natural do que parar
tudo em algum momento do dia e dedicar uns minutos para conversarmos a
sós com Ele no nosso quarto ou numa igreja ou capela.
A oração mental é diferente da união ou presença de Deus que todos
nós procuramos ter ao longo do dia. É diferente porque a oração mental
se assemelha a uma conversa entre dois amigos. Neste momento os dois
amigos param tudo o que estão fazendo e se dedicam exclusivamente a dar
atenção a um e a outro. Também precisamos desta conversa a sós com Deus
onde vamos abrir o nosso coração e contar tudo o que se passa nele. Onde
vamos escutar também tudo o que Deus tem a nos dizer. Sem a oração
mental, nossa relação com Deus fica superficial, aguada.
Muitos me perguntam: como conversar com Deus? O que falo para Ele?
Eis um exemplo, um “roteiro” que tem ajudado muitas pessoas (tem o
título de “Quinze minutos com Jesus sacramentado; é de um autor anônimo;
fiz algumas adaptações):
Não é necessário, meu filhos, saber muito para agradar-me muito,
basta que me ames com fervor. Fala-me, pois, com simplicidade, como
falarias com o mais íntimo dos teus amigos ou como falaria com a tua mãe
ou com teu irmão.
I – Precisas pedir-me alguma coisa em favor de alguém?
Diga-me o seu nome, quer sejam teus pais, teus irmãos e amigos:
Diga-me em seguida o que querias que Eu fizesse em favor deles hoje.
Pede muito, muito; não deixes de pedir, agradam-me os corações
generosos, que chegam a esquecer-se de si próprios para atender às
necessidades alheias.
Pede-me com a simplicidade, com franqueza: os pobres que queres
consolar, os doentes que queres aliviar, os extraviados que desejas
reconduzir ao bom caminho, os amigos ausentes que queres ver novamente
ao teu lado. Recorde que prometi ouvir todas as súplicas que saírem do
coração.
II – E para ti, não necessitas também de alguma graça?
Se quiseres, faz uma lista das tuas necessidades e lê-as na minha
presença. Diga-me francamente que sente em ti soberba, amor à
sensualidade e ao conforto, que talvez sejas egoísta, inconstante,
negligente… E pede-me depois que venha em auxilio dos teus esforços.
Não te envergonhes. No céu há tantos justos, tantos santos de
primeira ordem, que tiveram esses mesmos defeitos! Mas pediram com
humildade…, e pouco a pouco viram-se livres deles.
E também não duvides em pedir-me bens temporais: saúde, memória, bom
êxito nos teus trabalhos, negócios ou estudos; tudo isso posso dar-te e o
dou desde que não se oponha à tua santificação.
III – E por mim? Não sentes desejos de me dar glória?
Não sentes o desejo de amar-me mais, de ser mais fiel aos meus mandamentos?
IV – Por acaso sentes tristeza ou mau humor?
Conta-me as tuas tristezas com todos os pormenores. Quem te feriu? Quem te ofendeu? Quem te desprezou?
Aproxima-te do meu coração, que tem um remédio eficaz para curar todas as feridas do teu coração. Conta-me tudo!
Porventura tens medo? Sentes em tua alma aquelas melancolias que,
mesmo que possam ser infundadas, nem por isso são menos angustiantes?
Lança-te nos braços da minha Providência. Estou contigo: tu me tens a
teu lado; vejo tudo, ouço tudo, não te desamparo em nenhum momento.
V – E não tens alguma alegria e consolação que queiras comunicar-me?
Por que não me tornas participante delas, como bom amigo teu?
Conta-me o que te consolou e fez como que sorrir o teu coração desde
ontem, desde a última visita que me fizeste. Talvez tenhas tido
surpresas agradáveis, talvez tenhas visto dissiparam-se uns negros
receios, talvez tenhas recebido notícias alegres, algumas palavras ou
sinal de carinho, ou então venceste alguma dificuldade, saíste bem de um
apuro. Tudo isso é obra minha, e Eu dispus isso em teu favor. Por que
não hás de manifestar-me a tua gratidão por isto e dizer-me simplesmente
como um filho ao seu pai: obrigado, meu pai, infinitamente obrigado?
Não terás também algum propósito a fazer-me? Não queres, por exemplo,
tomares a firme resolução de não te expores mais àquela ocasião de
pecado? De te privares daquele livro que avivou a tua imaginação?
Pois bem, meu filho, volta às tuas ocupações de costume, ao trabalho,
à família, ao estudo… Mas não esqueças os quinze minutos de grata
conversação que tivemos aqui, nós dois, na solidão do teu quarto, da
igreja.
Sempre que puderes guarda silêncio e tenha caridade com o próximo.
Ama a minha Mãe, que também é tua Mãe, e volta outra vez amanhã, com o
coração mais amoroso ainda.
Saibamos dedicar todos os dias um tempo a conversar a sós com Deus e nossa alma se encherá de paz e de alegria.
Pe. Paulo Monteiro Ramalho
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